OVARIOHISTERECTOMIA PARA TRATAMENTO DE CISTOS OVARIANOS EM CADELA COM ESTRO PROLONGADO: RELATO DE CASO
Os cistos ovarianos, diagnosticados com frequência em cadelas, podem ser definidos como estruturas arredondadas e císticas, de variados tamanhos, repletas de líquido, que se desenvolvem no interior dos ovários, podendo ser únicos ou múltiplos, unilaterais ou bilaterais. Além disso, não há plena concordância na literatura acerca da predisposição racial e a faixa etária de maior acometimento. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar o tratamento cirúrgico de uma cadela com múltiplos cistos ovarianos, por meio da técnica de ovariohisterectomia (OSH).
Um canino, da raça Lhasa apso, fêmea, com 5 anos de idade e 8 quilogramas, foi atendido em uma clínica veterinária de Belo Horizonte/MG, com histórico de persistência do estro há cerca de trinta dias, além de disquesia. Previamente, a paciente passou pela realização de exames complementares, incluindo hemograma, bioquímico e ultrassonografia abdominal. Os resultados dos testes séricos apresentaram valores dentro da normalidade. Porém, o exame de imagem evidenciou a presença de múltiplas estruturas arredondadas, bem delimitadas, variando de um a quatro centímetros e com conteúdo anecogênico apenas no ovário esquerdo. Somado a isso, o exame de imagem demonstrou compressão do corno uterino esquerdo e das alças intestinais, em razão do extenso diâmetro de tais estruturas ovarianas.
Tendo em vista que o diagnóstico de cisto ovariano é realizado por meio da associação entre histórico, apresentação clínica e exames complementares de imagem, o animal foi encaminhado para procedimento cirúrgico, no qual foi realizada a ovariohisterectomia, com acesso linha média ventral, incisão retro-umbilical, utilizando a técnica das três pinças. Durante a cirurgia, ao ser realizada a exposição do ovário e corno uterino esquerdos, confirmou-se a presença de múltiplos cistos ovarianos, os quais geravam compressão mecânica do corno uterino ipsilateral. Durante o período de observação da cadela, após a cirurgia, o animal cessou o comportamento prolongado de estro, uma vez que ocorreu a remoção dos cistos foliculares, os quais produzem predominantemente grandes concentrações do hormônio sexual 17-?-estradiol (E2), e podem levar o animal a um quadro de hiperestrogenismo resultando em estro prolongado. Também, dentro das primeiras horas após a cirurgia, o animal voltou a defecar normalmente, em virtude da descompressão das alças intestinais pela remoção dos cistos.
Considerando-se que a presença de cistos ovarianos produtores de hormônios sexuais altera aspectos endócrinos, os quais são capazes de gerar alterações clínicas de grande impacto nas cadelas, o emprego da técnica cirúrgica de ovariosalpingohisterectomia está em consonância com o que a literatura aponta como tratamento de escolha para cadelas em que não há interesse reprodutivo, para que não ocorram recidivas.